O Bestiário folclórico da fantasia brasileira contemporânea: antropofagia, antiespecismo e ecologia
Resumen
O presente estudo pretende demonstrar como a literatura brasileira contemporânea, em particular o gênero fantasia, tem recorrido ao folclore nacional e, mais especificamente, ao seu bestiário para discutir, de forma antropofágica e inovadora, questões centrais do país, como ecologia e animalismo. O artigo organiza-se em cinco momentos articulados: primeiramente, delineia a cena atual das literaturas insólitas a partir do Fantasismo, movimento que recupera a antropofagia modernista de Oswald de Andrade (1928) e realça o novo protagonismo do folclore; emseguida, apresenta um panorama do bestiário brasileiro, sublinhando o caráter
ambientalista dessas criaturas —em especial o Boitatá—. A terceira parte mapeia a produção de «ficção folclórica», na acepção de Andriolli Costa (2018), destacando obras comprometidas com a agenda ecológica. Na quarta seção, analisa-se Ouro, Fogo & Megabytes (2012), de Felipe Castilho, sob uma lente ecocrítica, a fim de evidenciar como essa fantasia de temática folclórica dialoga com pautas animalistas e ecologistas. Por fim, relacionam-se as problemáticas ambientais à conjuntura sociopolítica do Brasil no século xxi e, à luz dos ensaios de Ailton Krenak, ressalta-se o papel da literatura —e do folclore que ela veicula— na formação de uma consciência ecológica entre as novas gerações.
Descargas
Citas
Aguilera, V. de A. (2006). O baetatá existe realmente? Revista Boitatá, 1(1), 1-15. https://doi.org/10.5433/
boitata.2006v1.e30666
Andrade, O. (1928). Manifesto Antropófago. Revista de Antropofagia, (1), 3-7.
Araújo, G. dos S. (2023). Curupira: configuración del mito en las narraciones orales de los pueblos de la selva.
Muiraquitã: Revista de Letras e Humanidades, 11(1). https://doi.org/10.29327/210932.11.1-8
Bannwarth, P. O. (2023). Contes des sages d’Amazonie. Paris: Seuil.
Besson, A. (2008). Bestiaire de fantasy, bestiaire de fantaisie? En A. Besson, J. Foucault, E. Jacquelin, e A.
Mdarhri Alaqui (Orgs.), Le Merveilleux et son bestiaire, pp. 151-163. Paris: L’Harmattan.
Cally, J. V. (2008). De l’animal ordinaire à la bête surnaturelle: épiphanies du monstre dans la zoologie. En A.
Besson, J. Foucault, E. Jacquelin, e A. Mdarhri Alaqui (Orgs.), Le Merveilleux et son bestiaire, pp. 111-135.
Paris: L’Harmattan.
Caron, A. (2016). Antispéciste: réconcilier l’humain, l’animal, la nature. Paris: Don Quichotte.
Cascudo, L. da C. (2001). Antologia do folclore brasileiro, Volume 1. São Paulo: Global.
Cascudo, L. da C. (2002). Antologia do folclore brasileiro, Volume 2. São Paulo: Global.
Cascudo, L. da C. (2012). Dicionário do folclore brasileiro. São Paulo: Global.
Castilho, F. (2012). Ouro, Fogo & Megabytes. São Paulo: Gutemberg.
Celestino, R. (2020). A Paratopia, o Niilismo e a Metaficção em Discursos Literários da obra Gastaria tudo com
Pizza, de Pedro Duarte. En J. Vargas Nascimento, M. Rogério de Oliveria Cano, J. Eliakim (Orgs.),
Paratopia.Volume 3, pp. 306-334. São Paulo: Blucher.
Celestino, R. (2024a). A instância autorial e os modos de enunciação literária na literatura fantástica brasileira.
Revista Verbum, 13(3), 65-89. https://doi.org/10.23925/2316-3267.2024v13i3p65-89
Celestino, R. (2024b). O homo narrans, o insólito fantasista e o desamparo em A história antes do fóssil, de Cris
tina Lasaitis. En J. Vargas Nascimento, R. Silva Chaves (Orgs.), Discurso, cultura e psicanálise. Volume 6,
pp. 218-251. São Paulo: Blucher.
Chaves, J. S. (2019). Ficção Científica Retrofuturista e Fantasismo brasileiro. Revista Études romanes de Brno, 40(2),
-119. https://doi.org/10.5817/ERB2019-2-9
Corbin, A. (2020). La douceur de l’ombre: l’arbre, source d’émotions de l’Antiquité à nos jours. Paris: Flammarion.
Costa, A. de B. (2018). Breves notas sobre a ficção folclórica no Brasil. Revista Abusões, 7(7), O Fantástico Brasileiro
na Contemporaneidade (1980-2018), 292-235. https://doi.org/10.12957/abusoes.208.35201
Czekster, G. M. (2017). Escrever literatura fantástica no Brasil do século xxi. En P. Gonçalves Tenório (Org.),
Sobre a Escrita Criativa, pp. 138-147. Recife: Raio de Sol.
De Paula, F. (2024). Krenak: literatura pode ajudar a propor novas formas de viver na Terra. Portal Agência
Brasil. https://agenciabrasil.ebc.com.br/geral/noticia/2024-09/krenak-literatura-pode-ajudar-a-pro
por-novas-formas-de-viver-na-terra
Duarte Peres, S., e De Sousa Cruz, A. (2021). Fantasia em Palimpsesto: intertextualidade em Dragões de Éter de
Raphael Draccon. Revista Jangada, 2(9), 238-263. https://doi.org/10.35921/jangada.v1i18.392
Flores, M. B. R. (2022). Pensar com os mitos. Sobre ecologia nos boitatás de Franklin Cascaes. Revista Tempo e
Argumento, 14(35), 1-38. http://doi.org/10.5965/2175180314352022e0201
Kastensmidt, C. (2016). A Bandeira do elefante e da arara. Roberto de Sousa Causo e Christopher Kastensmidt
(trad.). São Paulo: Devir.
Knapp, C. L.; e Guimarães, R. E. (2023). Apresentação ao dossiê: O Movimento Fantasista de autoria femini
na. Revista Antares, 15(35). https://sou.ucs.br/etc/revistas/index.php/antares/issue/view/404
Krenak, A. (2020a). A vida não é útil. São Paulo: Cia. das Letras
Descargas
Publicado
Cómo citar
Número
Sección
Licencia

Esta obra está bajo una licencia internacional Creative Commons Atribución-NoComercial 4.0.
Esta obra está bajo una licencia internacional Creative Commons Attribution-NonCommercial 4.0 International (CC BY-NC 4.0). Eso permite que otros puedan usar, copiar, distribuir, adaptar y mezclar la obra, pero solo con fines no comerciales. Siempre se debe mencionar el autor, y se pueden crear obras derivadas, pero no con fines comerciales.